Quem sou eu

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Catanduvas, Santa Catarina, Brazil
Alguém... Nem tão complicada, nem tão simples. Alguém... Que adora ficar acordada na madrugada, que acompanha séries de TV, que cantarola qualquer coisa o dia todo, que não pode ver chocolate sem comê-lo, que ama o som da chuva, que sonha correr nas campinas da Itália, que se irrita com internet lenta. Alguém... Que gosta das coisas simples da vida como olhar uma criança brincar, ver as folhas das árvores cair, as nuvens criarem figuras, sentir nos pés a água gelada de um rio, que gostaria de ver um cometa ou uma estrela cadente, como chamamos. Alguém... Que faz as outras pessoas rirem, e muito, talvez pelo jeito estabanado de ser, pelas caretas esquisitas e pelas perguntas em horas impróprias. Alguém... Que agora toma emprestada as palavras inteligentes de Raul “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A vida é feita de momentos

Chegando o momento de se despedirem, ele disse tchau. Com um abraço bem apertado, que ela adorou.

E ele foi.

Ela ficou olhando... sentindo, querendo...

Ele parou, mexeu em alguns papéis, fingia que lia e voltou, conversou, deu a mão, e ela sem saber bem o quê segurou na mão dele e levantou-se enquanto o assunto corria. Pôs sua outra mão próxima ao peito dele, inconscientemente, bem de leve, mal roçava seu casaco. E o assunto corria enquanto ele se aproximou com um meio beijo que passou de raspão pela bochecha dela, talvez porque ela continuava a falar, ou, talvez porque a coragem dele havia acabado naquele momento.

Constrangimento, um segundo de constrangimento enquanto os olhos dela encontraram os dele. Mas a mão tremula impedia o cérebro de conseguir qualquer raciocínio.

E o momento passou, e ele foi.

Ela ficou novamente olhando... sentindo, querendo...

Ali estava...

Às vezes ficava de cabeça para baixo... Talvez o mundo lhe parecesse melhor compreensível desta forma. As coisas se passavam mais exatas. Assim podia ver os pés ligeiros que passavam pela rua, os pés que quem tinha pressa de chegar em algum lugar e logo voltar.

Assim podia ver as largas passadas dos que corriam e as parcas passadas de quem ia devagar e sempre, até, vez ou outra via-se passinhos de pesinho pequeninos que eram acompanhados de grandes pés.

Daqui, dali ouvia os “toc toc” ou “tac tac”, “pá pá”, “puf puf”, com ritmo ou sem ritmos. Daqui dali podia ver tênis, sandálias e tamancos, sapatos bem encerrados, alguns furados, havaianas e balinas com ou sem moda.

Eram gentes e muitas gentes diferentes que passavam ali fazendo os mesmos caminhos que dariam em lugares diferentes. Daqui não se podia saber pra onde iriam ou se já voltavam, mas as passadas eram familiares entre si. Indicavam imitação. Os passinhos de pesinhos pequenos um dia irão ser os grandes pés que acompanharão outros passinhos de pesinhos pequenos. Os pés que hoje iam ligeiro, um dia darão as parcas passadas de quem já não tem mais pressa, de quem já caminhou bastante e precisa olhar para as construções e para as pessoas e para os pássaros e formigas e para o céu e para frente e para trás.

Bem, já estava na hora de levantar e pôr as patas no chão. Veio a tontura. Sim, a tontura indicava que estava voltando para a realidade, e tão logo a tontura passara voltou a dar os largos e velozes passos que atravessaram a rua e atravessaram por muitos outros pés e todos os jeitos de andar. E se foi...