E no meio de uma enxurrada
de boas lembranças você reapareceu.
Num passo calmo, tranquilo.
A cabeça levemente inclinava-se ao em direção do chão, até erguê-la. Agora eu
podia ver que trazia aquele sorriso (meio sorriso) que apesar de ser meio
parecia encher o rosto todo. Só Deus sabe o que escondias por detrás de teu
semblante.
Estava desarmado, as mãos
soltas rente ao corpo, peito vazio e respiração controlada, (só Deus sabe o turbilhão
de pensamentos que giravam dentro de ti), ainda assim, mantinha distância. Essa
era última arma que ainda poderia ostentar.
Compreendo a distância
era necessária porque há o temor devastador de viver novamente aquilo que não deu
certo uma vez (de ambas as partes). Que machucou e rasgou e quebrou. (Existem
feridas que não se pode arriscar curar).
Meu coração se enchia
de alegria e meus olhos brilhavam ao ver você, porque era como se o tempo não tivesse
passado, pois seus traços eram exatamente os mesmos. E que bom seria se o tempo
não tivesse passado! Mas eu sabia, ainda era preciso a distância.
Sensação de tempo
perdido ou... De ter perdido o tempo o
tempo todo.
E ali estávamos. Sabíamos
da existência um do outro. E, de repente isso bastava.
(Porque teve aquele pôr
do sol, e aquela mão de pele macia sobre a minha, e aquele beijo roubado, e
aquele passeio alegre, e as palavras e as músicas. E aquele amor e toda aquela
dor. E teve o tudo e depois o nada.).
'O fim é belo incerto, depende de como você vê”.
Teatro Mágico