Minha consciência já
estava quase me abandonando, mas eu podia sentir cada poro da minha pele se enrijecer
com o frio. Senti longas dores quando deitei na cama, mas eu tinha pressa de
poder esconder minha cabeça e não ouvir som nenhum.
Enquanto a dor de
cabeça corrói meus nervos e a garganta dificulta a passagem da saliva e as
costas gritam por equilíbrio e os joelhos choram por não quererem existir, os
olhos se sentem cansados e pesados e pedem para que o sono chegue logo e acabe
com tudo isso.
Era estranha a sensação
de querer sumir. As dores se demoram e continuam. A consciência força a apagar.
De repente... o silêncio
faz-se ouvir e o corpo amolece e amortece e já não quer mais sair do lugar.
Os olhos pesam ainda
mais e parece-se não estar em lugar algum. Os últimos pensamentos passam em curtas
frases longínquas que vão se esvaindo até não restar mais nada.
E agora sou verbo,
sujeito e estado, presente, de modo indicativo, positivo e negativo, sou e estou aqui e lá, e, ao mesmo tempo, não sou e já não estou
nem aqui e nem lá.
Deixo de pressionar as
pálpebras para mantê-las fechadas e agora elas se mantém suavemente guardando
os olhos da escuridão. Amanhecerá, sim, e elas tornarão a abrir-se, e o que tem
sido já não é mais, e o que interessa a partir de agora é o que será, amanhã!
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